Carta aos Colossenses | Estudo 1
- Igreja Batista da Família
- 25 de jan. de 2022
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INTRODUÇÃO
Mateus 24.4/ Colossenses 1.1 a 14.
A carta aos Colossenses é uma carta conhecida como “carta da prisão”, chamada –
Cristológica por apresentar a doutrina de Jesus. É também considerada como sendo “o maior tratado cristológico do Novo Testamento”.
A sua mensagem é necessária para os dias de hoje porque “vivemos num tempo de tolerância ao erro e de intolerância com a verdade” (Rev.
Hernandes Dias Lopes – p.11, 2010).
1. Contextos geográficos e históricos da cidade Colossos:
Segundo William Hendriksen “ninguém sabe exatamente quando foi fundada a cidade
de Colosso”. Temos informações que Heródoto, considerado pai da História, por volta do ano
480 a.C., a descreve como uma grande cidade, porém caminhou para um esquecimento...
A cidade apresentava 5 aspectos para nossa compreensão:
1. Era uma cidade que vivia das glórias do passado, ficava a 160 km da cidade de
Éfeso, a capital da província da Ásia Menor. Foi uma das mais importantes cidades
frígias do passado. Situada num vale do rio Lico, numa região fértil, onde
hospedavam muitos rebanhos, onde se fabricavam as melhores lãs do mundo.
2. Era uma cidade abalada por tragédias naturais, uma região vulcânica, com intensos
terremotos. Por volta do ano 60 d.C., houve um grande terremoto, na época do
imperador Nero, deixando ruinas nesta cidade, como também Hierápolis e
Laodicéia, estas últimas se reergueram mas Colosso não.
3. Colosso perdeu sua importância para as cidades de Hierápolis e Laodicéia, hoje
esta região está na Turquia asiática. Laodicéia se tornara um importante centro
médico e bancário, uma região riquíssima em ouro, onde também havia teatros,
ginásio equipados com banhos e estádio.
4. Em Colosso havia uma grande colônia de judeus, cerca de 2.000 pessoas tinham
sido deportadas da Babilônia e Mesopotâmia para essa região; consequentemente,
“o legalismo judeu associado a filosofia grega” se tornou um dos graves problemas
para a Igreja dos Colossenses.
5. Nesta cidade havia um forte paganismo sincrético, onde se cultuava a Cibele, a
grande deusa-mãe da Ásia.
2. Informações sobre a Igreja de Colossos:
1. O fundador da Igreja: Não foi fundada pelo apóstolo Paulo, ele nem se quer visitou
aquela igreja (1.4; 2.1). Esta é a única igreja que recebeu uma carta de Paulo sem ter o conhecido
pessoalmente. Paulo não foi a Colossos, mas a Palavra de Deus chegou até lá através de Epafras,
o fundador da Igreja (1.6,7; 4.12).
* Epafras: fundador e pastor da igreja (1.6,7; 4.12), era natural da cidade, servo de
Cristo, companheiro de prisão do apóstolo Paulo (Fm 23), obreiro dedicado a outras
congregações do vale do Lico (4.13). Quando Paulo estava na prisão em Roma, ele levou um
relatório informando o estado excelente da igreja (1.3).
2. Paulo tinha amigos na Igreja de Colossos: Filemon (4.9), Onésimo (Fm11).
3. Paulo se preocupava com a “vida espiritual da igreja” de Colossos:
Ele orientava tanto as igrejas maiores em cidades grandes quanto as menores, no caso
agora de Colossos.
4. A Igreja era ameaçada doutrinariamente pela chamada “heresia de Colossos”.
* Questões à serem consideradas:
4.1. A igreja era formada na sua maioria de pessoas egressas do paganismo (1.21), e de
judeus, a influência pagã e a doutrina judaica fomentou ou provocou o surgimento deste falso
ensino.
4.2. A carta é uma resposta imediata de Paulo diante da notícia do ensino estranho na
igreja tendo uma característica apologética, ou seja, de defesa.
* Afirmações de alguns Teólogos:
- Donald Guthie: “a heresia de Colossos era um ‘sincretismo’ Judaico-Gnóstico”.
- Rusell Shedd: “a heresia era um apanhado de elementos judaicos e gnósticos”.
- Bruce Barton: “o sistema filosófico do gnosticismo ensinava que a ‘salvação’ podia
ser obtida através do conhecimento, em vez da fé”.
- Warren Wiersbe: “os gnósticos se viam como ‘conhecedores’ das verdades profundas
de Deus”.
* O pensamento Gnóstico:
Segundo Hernandes Dias Lopes, “O ponto nevrálgico da heresia gnóstica é que eles
pensavam que a matéria em si era má, razão pela qual Deus sendo santo, não poderia criar o
universo. Os anjos, diziam eles, eram os criadores da matéria. Um Deus puro não tinha
comunicação direta com o homem pecador, mas se comunicava com ele por uma cadeia de
anjos intermediários, que formavam quase uma escada da terra ao céu” (p.22, 2010).
Segundo Russel Shedd, “Enquanto o gnosticismo colocou a matéria em oposição a
Deus, a ‘encarnação’ traz o Deus transcendente para dentro da nossa humanidade. Não é a
matéria em oposição a Deus, ela é o meio pelo qual Deus se revela no corpo de Cristo. Não é a
matéria o obstáculo ao progresso, mas o veículo pelo qual Deus nos salva por meio da cruz e
do túmulo vazio” (p.23, 2010).
* A doutrina judaica:
- Continha elementos próprios do judaísmo, como a circuncisão (2.11 e 3.11), as
tradições rabínicas (2.8), regulamentos sobre alimentos e observância do sábado e de festas
religiosas (2.16).
3. ORIENTAÇÕES DE PAULO À IGREJA DE COLOSSOS:
Três observações preliminares do primeiro capítulo nos versículos um e dois:
1. A forma ou maneira como Paulo se apresenta e cumprimenta os irmãos da igreja de Colossos:
- Paulo apresenta-se como “apóstolo” do grego que significa: enviado;
enviado por alguém, ou seja, enviado por Jesus Cristo, “pela vontade de Deus” (1.1). Paulo
lembra à igreja que foi enviado por Jesus pela vontade de Deus para cuidar e exortar a igreja.
Paulo também faz referência a Timóteo atribuindo o título de “irmão” do grego
que significa também “irmão na fé”.
- Paulo se dirige a igreja utilizando o termo “santos” do grego que significa “santo
em sentido moral, ético, íntegro, separados e consagrados pelo batismo” e “fiéis”.
- Paulo deseja à todos a “graça” e a “paz” da parte de Deus que é nosso Pai e do Senhor
Jesus Cristo (1.2). Lembramos que a palavra “graça” vem do grego que significa “aquilo
que proporciona amabilidade, favor, benevolência”. Paulo está desejando à igreja o amor, o
favor, e a benevolência de Deus para com as suas vidas.
2. A “gratidão” de Paulo a Deus pelo testemunho da Igreja de Colossos.
- A oração de Paulo a Deus é movida por um sentimento de gratidão porque os irmãos
Colossenses permanecem na Fé em Cristo e no Amor uns pelos outros (1.3,4).
- Paulo lembra aos irmãos que há “uma promessa” – “uma esperança” reservada nos
céus, pelo qual aprenderam ao ouvir a mensagem do evangelho quando chegou até eles (1.5,6).
- Paulo os informa que a mensagem do evangelho está se frutificando e crescendo em
todo o mundo, pelo mesmo processo de aprendizado que se deu também com eles pelo OUVIR
e ENTENDER a graça de Deus em toda a sua verdade pelo fiel ministro de Cristo, o amado
cooperador Epafras (1.6,7,8).
3. A “oração” de Paulo pela Igreja Colossenses:
3.1. Paulo pedi a Deus que a igreja seja “cheia do pleno conhecimento de Deus” (1.9).
* A palavra “conhecimento” do grego que significa: “conhecimento perfeito;
conhecimento verdadeiro e profundo; consciência”.
3.2. Paulo intercede para que a igreja adquira “sabedoria” (1.9).
3.3. Paulo suplica a Deus para que a igreja tenha “entendimento espiritual”. (1.9).
Assim, a igreja estando cheia do pleno conhecimento de Deus, com toda a sabedoria, e
entendimento espiritual, capacitada por Deus, poderá viver produzindo as seguintes qualidades:
- Tendo uma vida espiritual sadia vivendo de maneira digna do Senhor (1.10).
- Dando bons frutos em toda a boa obra (1.10).
- Crescendo no conhecimento de Deus (1.10).
- Sendo fortalecida pelo poder do Espírito Santo (1.11).
* Russell P. Shedd nos ajuda compreender o versículo 11 afirmando que “Todo o poder
só pode ser do Espírito Santo (cf. At 1.8); e a expressão: ‘força da sua glória’ diz respeito a
ressurreição e a ascensão (cf. Rm 6.4).
- Com toda a perseverança e paciência com alegria (1.11).
- Dando graças a Deus por fazer parte da “herança dos santos” no reino da luz (1.12).
- Porque foram transportados para o Reino de Jesus, o Cristo, sendo os pecados
perdoados (1.13).
CONCLUSÃO
Concluímos esta primeira parte do estudo, rogando a Deus na pessoa do seu Filho Jesus,
e na intercessão do Espírito Santo que nos dê todo o conhecimento da sua vontade, que
compartilhe conosco da Sua sabedoria, e todo o entendimento espiritual, para que possamos
continuar crescendo na sua graça, permanecendo firmes na fé em seu Filho Jesus até a sua volta.
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